A 1a vez no Japão: guia para viajantes brasileiros independentes

Sabrina Sasaki
12 min readMar 10, 2018

Desde que me mudei pra terra do sol nascente, notei a falta de informações mais baratas e acessíveis em português. Ficam aqui minhas dicas pras 4 estações, após esses anos vivendo aqui — pra quem planeja visitar a terrinha, comecem a pesquisar passagens já. Vem, gente!

Tokushima (Shikoku), onde o interior japonês é uma aventura. Foto: Kazuo Sasaki.

Primavera chegou, e com ela o FERVOR!

Eis que chega março, o mês mais movimentado no Japão! E com ele a debandada de turistas do mundo todo, que lotam vôos e todos os espaços no país, com seus smartphones e equipamentos topzera (leia-se self-sticks e todo tipo de câmeras GoPro oficial ou genéricas). O motivo da maioria estar por aqui é a busca da vista perfeita pra todas as fotos do Instagram, e o que muitos acabam perdendo é exatamente os locais menos cheios, muitos dos quais segredos guardados pelos locais como o Gollum em Senhor dos Anéis "my precious!"

Kitano Tenmangu, templo budista que inaugura a temporada das flores em Quioto. Foto: Tugi Guenes

Planejamento: a parte mais essencial e que afeta preços e disponibilidade de reservas. Os japoneses costumam planejar tudo com antecedência e pra conseguir viajar com preços mais baixos (sim, é possível!), vale a pena se programar com calma! Muitas empresas de turismo cobram bastante por essa parte, mas você pode montar seu roteiro por conta própria.

Guias de viagem: Lonely Planet, Time Out, Frommers e todas as publicações de guias internacionais trazem muitas dicas boas de roteiro e achados, mas geralmente os valores considerados “budget” são pra viajantes americanos ou europeus — geralmente caros pra quem ganha em real. Já viajei na base do budget Lonely Planet e na pegada brasileira durona, e confesso que aprendi a economizar quando a grana está mais curta (dica: qualquer lugar barato no Japão costuma ter um padrão mínimo de limpeza).

Fushimi Inari Taisha. Templo xintoísta e número 1 no país, famoso cartão postal japonês. Foto: Tugi Guenes

Motivos pra visitar o Japão (apenas alguns)

  • Hospitalidade: A população local é considerada uma das mais amigáveis e hospitaleiras do mundo. Omotenashi é a cultura japonesa de excelência nos serviços. Aqui não existem gorjetas (e ninguém aceita), então o preço que você vai pagar é sempre o que está na conta. (veja se o preço na etiqueta já inclui o 10% de impostos — tipo VAT europeu)
  • Segurança: líder em todos os rankings mundiais, o Japão apresenta baixa criminalidade (sim, existem países no mundo onde há controle da venda/uso de armas de fogo e foco na educação). Para o viajante, isso garante tranquilidade e calma mesmo nos locais mais desertos e remotos, sem receio de ser assaltado ou sofrer qualquer tipo de violência. Como viajante-solo feminina, esse é um ponto crucial a ser considerado.
  • 28 Estações em 1 ano: no Japão tudo é muito sazonal: paisagens, comidas típicas, e ainda os melhores locais pra curtir cada estação. Na verdade, os moradores de Quioto trabalham com um conceito bem mais amplo do que as 4 estações, e cada mês tem uma programação específica. Com isso, fica fácil entender quais locais estarão lotados e outros que estarão mais vazios e silenciosos (a parte mais especial do Japão, na minha opinião). O clima nas ruas muda com a chegada das flores de cerejeiras (sakura, em japonês). Mas se me perguntassem minha recomendação pra visitar o país seria o outono, quando os dias começam a ficar mais frios com uma bela paisagem de diversas cores e formas.
Monte Fuji, o maior símbolo do Japão. Duas vistas das sete possíveis, na primavera. Foto: Sabrina Sasaki
  • Culinária: refeições inesquecíveis com porções fartas a preços acessíveis (basta você saber onde procurar) e muitas opções que você jamais experimentaria na Liberdade ou em qualquer festival brasileiro de comida japonesa. Esqueça a ditadura do sushi e sashimi, japoneses consomem uma outra variedade de sabores que você perderia por não experimentar. Ainda assim, a opção de sushi mais barata é o de esteira (kaiten), em que se paga por pratinhos combinados. Esses locais costumam ter menu em inglês e painéis eletrônicos para fazer seu pedido e acompanhar a chegada do prato. Experimente os famosos pratos típicos japoneses — de grelhados na chapa, os yaki (sukiyaki, okonomiyaki, takoyaki, teppanyaki, monjayaki nabeyaki), aos macarrões que causarão um arrependimento por sua vida com miojo 'lamén' (os verdadeiros ramens, udons, soba, etc.) Pra falar de comida japa, vou precisar de outro post. Aguardem e verão!
  • Cultura zen: arquitetura, artes e design simples de deixar qualquer um impressionado. Vou falar mais disso no post sobre Quioto, o berço da cultura zen japonesa.
Templos budistas: jardins de pedras e natureza em harmonia com construções. Foto: Tugi Guenes
  • Cultura geek: para os fãs de anime, manga, cos-play e games, sempre tem gente do mundo inteiro pra ver o que rola por aqui. Aqui estamos falando predominantemente de Tóquio, centro urbano com bairros modernos como Akihabara e Shibuya. Mas a cultura pop se reflete pelo país todo, como no Museu do Mangá em Quioto.
Festival Internacional de Anime e Museu do Mangá são algumas atrações geek em Quioto. Foto: Sabrina Sasaki

Informações básicas

  • Japão/Japan/日本 (Nihon): Monarquia Constitucional Parlamentar
  • Capital: Tóquio/Tokyo/東京
  • Moeda: iene (yen). R$ 1 = JPY 30 em julho/23 (3 moedinhas que não compram nada)
  • Dindin: Tenha sempre dinheiro em cash (yen), já que muitos estabelecimentos não aceitam cartões de crédito. Casas de câmbio: o currency exchange (câmbio) no Japão geralmente é desvantajoso com reais, traga USD ou compre JPY na Liberdade, com câmbio favorável (veja com a Tunibra). Recomendo câmbio aqui apenas em caso de emergência. Caixas eletrônicos (ATMs) internacionais nas lojas de conveniência (7eleven, FamilyMart e Lawson em todo o país.) aceitam cartões internacionais de bancos brasileiros, mas antes de viajar, lembre-se de checar com seu banco quais os custos e procedimentos para autorizar transações internacionais. O Wise é um cartão internacional que funciona como um pré-pago mas sem taxas absurdas dos cartões de viagem. Você só precisa transferir da sua conta do Brasil para a carteira virtual e usar como um cartão de débito (mas para o sistema de pagamento, você informa ao estabelecimento que vai pagar no cartão de crédito).
Castelo de Himeji, um dos mais bonitos e preservados que guarda o passado de samurais e lendas militares. Foto: Tugi Guenes

Itinerários

  • Ilhas: Arquipélago conectado por trens nas 4 principais ilhas: Honshu (Tokyo, Osaka, Kyoto, Kobe, Hiroshima) Hokkaido (Sapporo, Hakodate), Kyushu(Fukuoka, Nagasaki) e Shikoku (Matsuyama, Kochi, Takamatsu).
  • Cidades favoritas: Quioto (Kyoto), Tóquio (Tokyo), Kamakura, Kobe, Naoshima, Hiroshima, Nara, Koya-san, Nikko, Yokohama. Osaka e Nagasaki valem a pena conferir, se tiver com tempo e for passar por perto.
O roteiro de peregrinação Shikoku Hachijūhakkasho (四国八十八箇所): 88 templos budistas no meio da natureza. Foto: Kazuo Sasaki.

Rolês imperdíveis:

  • As montanhas e lago com as 7 vistas do Monte Fuji.
  • A rota de peregrinação dos 88 templos de Shikoku, com uma temporada pelas ilhas artísticas de Naoshima e Teshima.
  • Estações de esqui, no inverno dos Alpes japoneses (Nagano).
  • Mar da Costa Norte do Japão (Shimane e Izumi Taisha).

Lista de desejos:

Okinawa e Amami, o Japão sub-tropical, com acesso apenas via aérea ou marítima.

Koya-san, a montanha mais mística do Japão, onde estão enterrados samurais famosos e nobres da história japonesa.

Transporte

  • Como chegar: Não existem voos diretos do Brasil para o Japão. O mais comum é voar até os EUA ou Canadá(visto americano e ou/canadense é necessário, mesmo para escalas curtas), Europa ou Oriente Médio. É uma jornada longa e bem cansativa, então se tiver com tempo, dê uma parada no meio do caminho. Caso contrário, serão apenas algumas horas de "descanso" entre o 1o voo e o 2o, geralmente com parada em algum aeroporto bem movimentado. Algumas companhias que operam na rota e costumam ter um bom preço: American & United Airlines, Emirates, Ethiopia, KLM/AirFrance, Qatar, TAM e Turkish Airlines. Fique de olhos em sites com as famosas promoções imperdíveis.
  • No destino: a maior parte das informações (em japonês) não estarão nos guias de viagens comuns nem no Google Maps, plataforma ainda em expansão e que deixa a desejar no mapeamento de muitos destinos especiais por aqui.
Eu sei que olhando assim parece simples e fácil. #sqn
  • Entre cidades: JR Pass (Shinkansen, o bilhete de trem bala nacional): essa é a dica mais importante. Vale a pena somente se for utilizado para pelo menos viagens de longa distância com mais de três trechos. Ex. Tóquio-Quioto, Quioto-Hiroshima, Hiroshima-Tóquio. Esse passe turístico pode ser comprado apenas por turistas e antes de chegar no Japão. Compre diretamente com algum agente oficial autorizado (lista aqui.) Em SP, vá na Praça da Liberdade, e compre na Tunibra que não tem erro. Com o voucher em mãos, ao chegar nos aeroportos internacionais, o ticket de papel precisa ser trocado por um bilhete, o chamado JR Train Pass. Com ele, você pode viajar pelo país todo em qualquer JR trem (menos Nozomi, o mais veloz) inclusive Narita Express e Kansai Internacional (Haruka). Importante: antes de comprar seu JR Pass, defina seu itinerário e as datas, para checar a melhor opção de bilhete. Se o JR pass não for valer a pena para sua estadia, ainda assim existem outros passes turísticos mais em conta que valem a pena. Ex. JR West, de Quioto para os outros locais ao leste de Honshu até Hiroshima e um opção ainda inclui Shikoku.
  • Dentro das cidades: o JR Pass cobre toda a rede do país, mas pode ser usado apenas nas areas de Tokyo e Osaka (redes urbanas de metro e trem JR). As demais linhas são privadas e devem ser pagas. Para metrôs e linhas urbanas, compre uma das opções de E-money card, o Bilhete único. Disponível nas marcas Suica, Pasmo, Nanaco, Icoca por 500 ienes (reembolsáveis no final da viagem), você não precisa comprar bilhetes das linhas privadas de trem e de metrô, ônibus e afins. E confie em mim, não vale a pena pegar filas e comprar bilhetes separados em cada baldeação. Dá para ser usado como dinheiro nas vending machines e lojas de conveniência.
  • Bike: Cidades como Quioto saem mais caras pra se andar de metrô e ônibus, por isso evite pagar tarifas individuais. As opções são os passes diários 500 ienes para o ônibus e 600 ienes para o metrô, ou então escolha caminhar e andar de bicicleta(cidade plana, com ciclovias e os japoneses são o exemplo a ser seguido). Traga calçados confortáveis porque o Japão existe muito esforço das pernas.
  • Táxi: Evite se estiver com pouca grana. Costuma ser muito caro e sempre há ótimas alternativas com transporte público, sempre limpo, pontual e organizado. Uber ainda está tentando se estabelecer por aqui e pode sair mais caro que outras opções.

Informações úteis

  • Sobre itinerários locais: use a Hyperdia, a melhor forma de entender o confuso e complexo sistema de transporte japonês, geralmente pontuais. Lista linhas de trens e metrôs públicas e privadas. Essencial em cidades como Tóquio e Osaka.
  • TripAdvisor: tem muita coisa boa e também várias roubadas. Já que os japoneses não usam a plataforma como os ocidentais, a maioria das resenhas podem ter sido de estrangeiros a turismo, com pouco conhecimento de outros locais pra avaliar a variedade de possibilidades locais.
  • Tabelog: o guia que os japoneses utilizam pra checar opções de restaurantes, e conta com uma versão em inglês. Mas como todo site bilíngue japa, informações em inglês são reduzidas se comparadas ao volume em japonês.
  • Bagagem: se tiver muitas malas, o serviço delivery door-to-door 24/7 que todo japa utiliza pode sair mas barato que os lockers nas estações. Esse serviço se chama TA-Q-BIN: direto to aeroporto, em no máximo 1 dia, sua bagagem pode ser despachada diretamente ao seu destino. Muito importante porque em geral não há muito espaço nos transportes públicos japoneses. (apenas Shinkansen e outros trens expressos). Preços para uma mala pequena a partir de 15 USD.
  • Internet: free wi-fi nos aeroportos, lojas de conveniência e metrô mas vale a pena alugar um chip com wifi no aeroporto por 30USD com 4G.

Sobre o destino

  • Clima: temperado no norte e subtropical no sul. Na maior parte do país, verões quentes e úmidos, e invernos bem frios. A neve no inverno pode começar em novembro, e durar até meados de março (Norte e regiões montanhosas). Julho e agosto são meses extremamente quentes, assim como junho e julho costumam ter chuvas abundantes. A temperatura durante o inverno varia de região pra região, entre -1˚C a -10 °C, e durante o verão chega até 38°C (com bastante umidade). Primavera(março a maio) e outono (setembro a novembro) tem as temperaturas mais amenas e com paisagens estonteantes. O Japão costuma ter sol constante na maior parte do ano.

População: cerca de 127 milhões de pessoas, 98% japoneses e poucos imigrantes (em sua maioria asiáticos: coreanos, chineses, vietnaministas, filipino, ou sul-americanos: brasileiros e peruanos).

Jinjas shrines (templos xintoístas) são públicos e ficam abertos em sua maioria 24h/dia. Tem sempre toris (portões) e guardiões. Foto: Tugi Guenes
  • Religião: a maior parte dos japoneses não se identifica com nenhuma religião específica. Dentre os que consideram uma religião, xintoístas e/ou budistas são mais frequentes, e muitos se veem em um espectro entre ambos. Em geral, quando se questiona religião, muitos japoneses se identificam como budistas e praticantes da filosofia xintoísta. Já as minorias são os cristãos (3%) e outras religiões (cerca de 1%).
  • Viajantes femininas solo: viajar pelo país sozinha é tranquilo e extretamente seguro. Estrangeiras não costumam ter problemas, e tenho amigas que pegam carona pelo país sozinhas e recomendam a outras mulheres. Os locais se mostram curiosos e interessados em saber sobre o Brasil, considerado exótico, e tentam ser sempre hospitaleiros.
Naoshima é uma pacata ilha com museus e obras a céu aberto, dentre elas as de Yayoi Kusama. Fotos: Tugi Guenes
  • Pontos turísticos: há inúmeros lugares que constam na lista da UNESCO como Patrimônio da Humanidade, além de muitos outros a serem descobertos. A beleza do Japão está no misto entre seu conceito estético tradicional minimalista e influências estrangeiras de design, arquitetura e tendências. Mas logo de cara é fácil notar as diferenças com relação aos demais países do mundo. Farei um post para cada local que recomendo aos amigos.

Primavera: Março, Abril, Maio

Kiyomizudera, templo budista que representa a montanha da água sagrada. Foto: Tugi Guenes

Cada região/cidade tem datas específicas para o desabrochar das cerejeiras, o maior símbolo da estação. Mas o calendário de festividades começa antes, com a primeira florada de ameixeiras, no final de fevereiro.

  • Vale a pena: Festas e mais festas pra apreciar flores (sakura), pique-niques ao ar livre, parques movimentados durante das noites, ruas e rios tomados de gente.
  • Vale lembrar: Dias ainda frios, com ventos constantes, e noites geladas. A mala deve estar preparada com muitas roupas quentes (casacos, cachecóis, botas). A temporada mais cara e movimentada do Japão, principalmente durante as floradas (meio de março). Época de brasileiros descobrirem o significado de alergia ao polén.

Verão: Junho, Julho, Agosto

Arashiyama: a floresta de bambu que fica a 20km da cidade de Quioto. Foto: Tugi Guenes
  • Vale a pena: Passear no norte do país e nas áreas menos populosas, com mais verde e menos concreto. Praticar o conceito de banho de floresta (shinrin yoku), que nada mais é que apreciar uma caminhada tranquila perto da natureza. Visite os Jinjas shrines (templos xintoístas), que são públicos e por isso ficam abertos em sua maioria 24h/dia. Os passeios noturnos são mais amenos e com poucos turistas.
  • Vale lembrar: Traga uma jaqueta leve para aturar o ar-condicionado, roupas e sapatos leves, repelente, protetor solar e chapeú para se proteger do sol, que é bem forte. Se mantenha hidratado e busque uma sombra de tempos e tempos.

Outono: Setembro, Outubro, Novembro

Monte Ishizuchi, em Shikoku, onde vales e morros do país ganham tons de vermelho, amarelo e laranja.
  • Vale a pena: visitar todos os templos budistas que puder e apreciar os jardins japoneses. Templos budistas são privados (geralmente pagos) e costumam fechar cedo, por isso confira os horários de funcionamento. Explorar morros e cidades isoladas, com florestas coloridas.
  • Vale lembrar: é mais vazia que a primavera mas ainda assim é uma época bem movimentada. Vários festivais de ruas, como preparação para o inverno.

Inverno: Dezembro, Janeiro, Fevereiro

Kinkakuji, o Golden Pavillion (Templo Dourado). Foto: Toni Heikkinen
  • Vale a pena: aproveitar a baixa estação após o Ano novo. Locais estarão em geral bem mais vazios (menos na época do ano novo chinês, em meados de fevereiro).
  • Vale lembrar: Frio de verdade. Vento, neve e dias curtos, com menos sol (ainda assim mais frequente que Europa e América do Norte).Traga roupas pra inverno de verdade. Se não tiver algo que seja quente de, deixe para comprar por aqui.

No próximo post, dicas práticas pra Quioto (Kyoto, em japonês 京都, que significa capital), antiga sede imperial e destino turístico mais popular por aqui, por preservar o gosto tradicional do Oriente.

Planos pra visitar o Japão e sem idéia de roteiro, budget ou informações que façam sentido? Me escrevam que posso ajudar no planejamento da sua viagem.

--

--

Sabrina Sasaki

Latina in Toronto. Principal@Monozukuri VC. Innovation, cultures & people. Investment & BizDev. Early Stage Hard-tech/Manufacturing Emerging Manager